terça-feira, 11 de janeiro de 2011

O locutor mendigo e o pensador britanico

Neste fim de semana, quase simultaneamente, tomamos conhecimento de dois fatos aparentemente diversos mas que pode ser que no final tenham muito em comum. 

O primeiro caso é de um morador de rua dos Estados Unidos, Ted Williams, dono de talento com a voz que faz dele um ótimo locutor. A história de Ted, embora trágica, é um tanto comum em nossos dias: uma pessoa que, desempregada, não soube lidar com as dificuldades e se atirou de cabeça no alcool e nas drogas e deu no que deu: transformou-se em um sem teto e passando certamente todo tipo de privações que essa condição causa. Felizmente para Ted alguém prestou atenção nele ( no caso foi um jornalista que passava pela rua em que ele pedia esmolas) e abriu caminho para que ele consiga um trabalho e recupere a dignidade e a segurança perdidas.

A outra noticia que chegou foi através do Azenha em publicação de seu leitor Oliveira que, em razão de tema relativo às crianças com Transtorno do Déficit de Atenção apresentou um video do pensador britanico Ken Robinson e que traz interessante reflexão sobre o modelo educacional em que ele diz estar vigorando no nosso planeta desde muito séculos e portanto já com a validade vencida.

Não sou técnico em educação, portanto não posso levantar aqui discussões academicas sobre o que disse o pensador, mas quero sim fazer comentário sobre algo que ele falou que é facilmente notado no nosso modelo de ensino e que, ao contrário do que parece ser, é um modelo que restringe o aprendizado de cada um a pouquissimas áreas de conhecimento ao invés de universalizar o conhecimento e deixar o saber ser absorvido o mais amplamente possivel.

Todos sabemos a facilidade com que crianças aprendem de tudo. Mas lamentávelmente isso não é aproveitado pelo nosso sistema e, na mesma medida que a criança aumenta de idade, diminuem-se suas oportunidades de saber a respeito de mais coisas.

Ao longo da vida em especial na vida escolar, os individuos são levados a especializarem-se em apenas uma ou duas coisas. Vejam só: dividiram o corpo humano em duas duzias de partes e um médico que trata de uma parte não trata de outra. Fizeram o mesmo com todas as atividades humanas e apesar de toda a tecnologia e informação hoje disponivel, a verdade é que sabemos cada vez menos sobre tudo e muito mais sobre uma coisa só.

É preciso descobrir jeitos diferentes de lidar com o maior de todos os talentos humanos: o de aprender. E a partir dai poder pensar em uma sociedade em que os talentos não sejam abafados a tal ponto que os individuos estejam presos em uma única atividade de tal forma que ao perde-la, perdem-se a sí mesmos.

Talvez seja possivel contruir-se modelos de ensino, produção e de economia que funcionem em uma espécie de rodizio entre os individuos propiciando alargamento de saber e recebendo de volta os muitos talentos que um individuo só pode ter. Talvez o Ted não tivesse se entregado ao alcool e às drogas se ele não tivesse sido "ensinado" e a sociedade não tivesse sido organizada de tal forma ao ponto de aproveita-lo apenas como locutor.

Vale ressaltar que o pensador Ken Robinson disse que não tem uma sugestão de modelo educacional para substituir esse que está aí, e se ele não tem que dirá eu. 

E por falar em talentos abafados e desperdiçados saibam que o sr Robinson é um locutor com excelente voz e pode vir a ser concorrente do sr Williams, vai saber se o sr Williams um dia desses não sugere uma alternativa para os modelos de educação.

Clique aqui para ver o video do pensador Ken Robinson

Clique aqui para ver o video do locutor Ted Willians

Fiquem em paz

Jonas

3 comentários:

  1. Eu penso a mesma coisa sobre o sistema educacional universal produtivista. Como professor (universitário), das áreas de TI e engenharia de produção, essas análises e muitas ideias tem me corroído a alma (ainda não o cérebro) ultimamente. Tenho algumas ideias, mas ainda em processo.
    Legal a associação que você fez das duas matérias.
    Abraços.

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  2. E os modelos de ensino, produção e economia atuais estão umbilicalmente interconectados que nem percebemos mais que um outro mundo é possível!

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  3. Olá Ricardo, bom ler opinião de pessoa conhecedora do assunto. E é especialmente bom saber que é um tema que aos poucos vai tomando corpo e quem sabe em breve poderá ser debatido mais amplamente.

    Abraços

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