sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Fiscalizar é multar? Multar é educar?



Em um desses jornais televisivos de ontem a noite eu assisti uma reportagem a respeito da freeway ( estrada que liga Porto Alegre ao litoral gaucho ) e que informava sobre o excesso de velocidade praticada pelos motoristas naquela via.

E a reportagem mostrava um policial rodoviário equipado com um radar que me pareceu bastante moderno em cuja tela de LCD liam-se muitas informações sobre cada veiculo que passava. O destaque da reportagem foi para um cidadão que passou por ali a 193 km por hora! Quase o dobro do permitido naquela estrada. E disse a repórter que no período de uma hora que ela e a equipe estavam por ali mais de 300 multas foram emitidas, todas por excesso de velocidade. Desnecessário dizer que a emissão da multa é automática sem a interferência do policial. 

Então eu me lembrei daqueles filmes americanos em que os policiais ficavam escondidos atrás de moitas à beira da estrada com suas possantes e reluzentes Harley-Davidson e assim que passava um doido ultrapassando o limite de velocidade ele saia de sirene ligada perseguindo infrator e, claro, multando-o ao vivo e à cores.

Essa atitude tem dois benefícios óbvios: educa o cidadão e impede no mesmo momento a ocorrência de um acidente.

Pois eu vi o oposto na reportagem de ontem. É de se perguntar inclusive para que ter policial já que tudo é controlado eletronicamente. Não vi de parte da policia nenhuma tentativa de evitar catástrofes com ferimentos graves e mortes em razão de abuso de velocidade. Na cabeça daquele policial e de seus comandantes a multa em si mesma tem valor de educação. Não tem. Quem passava correndo por ali continuava correndo a estrada toda, correrá amanhã e correrá depois de amanhã, e continuará correndo até morrer ou matar alguém. Simples assim. 

Há uma nítida confusão entre fiscalizar e multar. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. A primeira educa e a segunda pune. São coisas muito distintas.

E podemos verificar esse tipo de pensamento e/ou comportamento por parte daqueles que tem o dever de manter a lei e ordem em qualquer outra área da coletividade. Podemos notar que  há pouca, ou quase nenhuma fiscalização e bastante punição seja lá a respeito do que for.

Por estes dias temos casos lamentáveis de enchentes ocorridas em muitas cidades por aí e em especial em São Paulo. E todos nós vimos a Rede Globo descer o pau na população que joga o lixo na rua, constrói suas casas em locais indevidos e sem segurança, etc. Sim. A população faz isso e está errada em fazer. Mas onde está um plano de educação e fiscalização permanentes para se evitar ocorrências assim?  Ou ao menos minimizar seus efeitos? 

Antes que meu filho tome um choque ou seja atropelado, eu o ensino, ainda criança, a não enfiar os dedos na tomada e a olhar para os dois lados antes de atravessar a rua.

Antes de descer o pau nos cidadãos por causa de excesso de velocidade ou por jogar lixo na rua, a nossa velha imprensa poderia apontar seus dedos acusadores para os desgovernos em geral e cobrar deles mais educação cidadã e mais fiscalização. E menos multas. 

Fiquem em paz,
Jonas

4 comentários:

  1. Ótima reflexão! Há, sim, um abismo entre multar e educar. Já notaram como todos só se comportam quando vêem a polícia? Que tal encher as rodovias mais perigosas de policiais nos dias mais movimentados? Escoltar os motoristas me parece mais efetivo...

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  2. Lamentavel essa deve ser mesmo a solução pra já, mas pensando em longo prazo se educarmos os individuos para seren cidadãos as coisas podem mudar para melhor.

    Grandes abraços e obrigado pela visita

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  3. A fiscalização não educa, só pune e ganha dinheiro, verdade. Mas, infelizmente, esse parece ser o único jeito do brasileiro aprender a respeitar. Ou pelo menos ser forçado a isso. Estou numa cidade do interior, onde não existe fiscalização nenhuma. Por isso, o povo resolve andar sem cinto e jogar lixo no chão. Resultado: tem enchente todo ano e qualquer acidentezinho de carro mata. Tem que doer no bolso pro pessoal aprender, só assim mesmo...

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  4. Voce tem uma parte da razão mesmo Cristian, mas o fato é que tudo poderia custar muito menos ( ficais, equipamentos, multas, etcc ) se houvesse alguma especia de educação cidadã permanente para aos poucos mudar a mentalidade dos individuos.

    Grandes abraços

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