Neste Dia das Crianças eu me ví diante da mistura das aguas do rio da vida da Gigi. Essa mistura está materializada nos presentes que involutariamente, é bom que se diga, compramos para ela: um pequeno estojo de maquiagem e uma boneca Barbie.
Na hora eu comentei com a Rita: estamos presenteando uma moça ou uma menina? E percebemos que estamos assistindo isso sim uma mudança de fase na vida de um ser humano.
E me lembrei que ultimamente tenho estado atento a essas coisas, mas eu não fui sempre assim. Com as devidas desculpas aos meus filhos eu sou obrigado a confessar que com eles raramente eu me dava conta dessas coisas.
E eu desconfio que sei por que. A mim me parece que minha vida tinha outras prioridades que não passavam nem perto da contemplação, da valorização da vida e da percepção das emoções.
A embriaguez causada por outras prioridades e outros valores me afastavam do real significado de nossa existencia que é perceber a presença do outro e tentar entender o que se passa com o outro.
A embriaguez motivada por outros atrativos não deixava cravar em meu coração as incontaveis nuances da beleza da vida.
A embriaguez do riso fácil não me solidarizava com as dores que os que me são caros sentiam.
A embriaguez em poças rasas me impedia de mergulhar fundo e descobrir a diversidade da vida.
A embriaguez da superficialidade não me deixava confessar meu compromisso com a vida dos que me amam. E que me amam apenas por que eu sou o que sou e não pelo que eu acho que eu deveria ser.
Então o que eu quero agora é a sobriedade que me faz abrir os olhos para um horizonte largo, plano e promissor.
Preciso me manter sóbrio para entender as fases da minha propria vida, recheda de sucessos e fracassos. As minha próprias lições.
Só a sobriedade pode me fazer rir ou chorar com sinceridade diante das surpresas da vida. E a vida não pode ser perdida tão a toa.
E como eu digo sempre uma infinidade de situações concorreram para que eu chegasse até aqui e que tudo acontecesse comigo do jeito que está acontecendo. Eu preciso entender isso e cuidar de tudo com ponderação, parcimonia e sobriedade.
É preciso lembrar sempre da simultaneidade da vida e que não somos apenas cativos de algumas pessoas ou de algumas coisas e muito menos somos apenas cativeiros. Nós somos as duas coisas ao mesmo tempo.
Fiquem em paz
Jonas
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