segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Cativo, cativeiro - uma mensagem de Natal.

Pode ser que esteja passando despercebido, mas esse excesso de cuidados e soluções que esperamos de Deus está virando uma aberração teológica e estamos invertendo os papéis: Deus está virando nosso cativo ao invés de nosso cativeiro e nós estamos nos transformando em seu cativeiro em lugar de sermos seus cativos.

Já damos a Ele adjetivos e predicados em excesso: Fiel, Amor, Perdão, Eterno, Glorioso, Rei. Como se fosse insuficiente chama-lo de Deus.

E fazemos exigencias demais: Cura-me, Abençoa-me, Guia-me, Consola-me. Como se a própria vida já não fosse suficientemente rica na sua natureza e já não tivéssemos todos os dons necessários.

Será que um dia o sol e a lua deixarão de se alternar a dividir dias e noites? O vento parará de soprar? As arvores não darão mais frutos? Os mares e rios secarão?

Por acaso não virão - depois de mim - os meus filhos, e depois os filhos dos meus filhos e ainda mais adiante não virão os filhos dos filhos de meus filhos para darem continuidade a tudo isso? E antes de tudo isso, não passou por aqui meus pais, e antes deles os pais de meus pais e bem lá atrás os pais dos pais dos meus pais e agora aqui estou eu a assumir a continuidade do que eles começaram?

E se isso tudo parar de acontecer um dia, não serão minhas súplicas que evitarão a catástrofe. E a morte e a desolação virão por conta das minhas ações e as dos meus semelhantes.

Não há nada de errado com a Criação. Tudo de que eu preciso segue seu curso harmonioso que somente será interrompido, desviado ou distorcido por minhas intervenções e as de meus semelhantes.

Então devo me lembrar que sou parte integrante e inseparável da Criação. E se me preocupo com minha descendência, se penso com carinho em tudo que me trouxe até aqui e que me sustenta e me dá a vida, eu preciso lembrar que tudo isso me foi dado sem minha querencia, me foi dado antes de mim mesmo. Por Deus.

E sendo assim, desejo retornar a condição de simples cativo, preciso submeter-me àquilo de que eu sou verdadeiramente parte. E a Ele não darei mais adjetivos e nem predicados. E Dele não mais exigirei providencias pelas minhas faltas e as dos meus semelhantes, nem correções pelas minhas mazelas, e nem complementos para aquilo que eu pretensamente penso que me falta. E nem pedirei recompensas por minhas bondades.

Cuidarei - e nada mais que isso - do que me foi dado por Ele. E que me basta. Até que tudo se consuma.

Fiquem em paz. E sejam bem felizes por suas ações, por suas consciencias, por seus amores, que lhes foram dados sem que voces pedissem.

Feliz Natal.

Jonas, Rita, Carô, Gigi, Lê, Renata.

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