Agora
que não é mais especialista em aviação de caça, com a saída de Nélson
Jobim do Ministério da Defesa, a colunista Eliane Cantanhêde, da Folha,
dedida-se a um assunto mais estratosférico: a interpretação telepática
da mente humana.
Sua coluna de hoje – leia aqui a transcrição feita pelo Paulo Henrique Amorim – traça um diagnóstico psicológico de “alta precisão” sobre o ex-presidente Lula.
“Dilma tem que administrar um dado político fundamental -o ego do padrinho.”
“Quanto mais Dilma acerta e cresce, mais ele alimenta a paranoia de que tentam “desconstruir a sua imagem”.
“Lula está absolutamente convencido
de que foi o melhor presidente da história da humanidade, mas os
adversários (entre os quais inclui a imprensa) não reconhecem.”
“Ele não suporta ver a sua criatura
se tornando mais admirada do que o criador. Sente-se injustiçado, senão
perseguido, e reage com mágoa e rancor.”
Impressionante. Isso é que é objetividade jornalística. Não é preciso
um fato, uma declaração sequer, nada. Nem mesmo uma horinha de divã foi
necessária para D. Cantanhêde traçar um perfil assim profundo da
personalidade ególatra e rancorosa de Luiz Inácio Lula da Silva.
Sigmund Freud não faria melhor. Não sei como Cantanhêde não falou
algo sobre D. Lindu, a mãe de Lula, para tornar mais precisa sua
patética incursão pela psicanálise.
A colunista da “massa cheirosa” não pode ver em um operário – nem num
ex-operário que chegou à Presidência – nada senão mesquinhez e baixeza.
Passa batido pelo fato de que Dilma foi candidata e elegeu-se pela
força de Lula – e ninguém mais que a presidenta sabe e valoriza isso. E,
muito menos, não percebe o óbvio: que Lula é o maior interessado em que
Dilma continue acertando, porque – se resolver ser candidato - terá a
seu favor uma presidenta extremamente bem avaliada pela população, como
ela o teve em Lula em 2010.
Mas Cantanhêde vive num mundo povoado por Serras, Jobins e FHCs,
onde a vaidade e a egolatria são os combustíveis de mentes sem
compromissos com a “massa mal-cheirosa”.
E acaba julgando a todos pelos mesmos critérios e pelos critérios que lhe ditam seus próprios sentimentos e conceitos.
É realmente um caso de psicanálise, não de jornalismo político.
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