Via Observatório da Imprensa
 Atenção, atenção: estamos nos transformando num “Estado policial” ou 
“policializado”. Estado democrático, de direito, mas um Estado onde o 
interesse social só tem a proteção do Ministério Público, da Polícia 
Federal, da Receita Federal e dos magistrados que autorizam devassas. O 
resto – Executivo, Legislativo, imprensa e sociedade civil – está 
paralisado, entorpecido, inerte diante de um formidável lodaçal que se 
espalha, se infiltra e se aprofunda irremediavelmente. Nenhum desses 
poderes quer se comprometer, enredar-se. Todos, sem exceção, têm medo de
 respingos.
 A sociedade brasileira está perdendo a capacidade de se defender, sabe 
apenas chamar a polícia. E depois entrega os malfeitores a um Judiciário
 atravancado, aturdido, lerdo, muitas vezes venal. Se o diagnóstico está
 correto estamos à beira de uma decomposição institucional.
 Tudo começa numa imprensa desfibrada, burocratizada e mundana que já 
não sabe qual o seu papel. A imprensa regional mimetiza aquela que se 
apresenta como nacional e o resultado deste conluio de equívocos é que 
não temos vigilância na esquina nem nos grandes espaços.
 Vício perigoso
 Carlos Augusto Ramos, vulgo Carlinhos Cachoeira, começou na esquina, 
opera a sua rede de contravenções há pelo menos duas décadas num estado 
rico, próximo dos grandes centros e onde existe uma mídia regional bem 
implantada. A Organização Jaime Câmara, estabelecida logo em seguida à 
fundação de Goiânia (1935), edita o diário O Popular, um dos melhores do país, tem um sistema de rádio e outro de TV com onze emissoras e repetidoras.