domingo, 27 de dezembro de 2009

Entrevista de Wim Wenders

Já faz  algum tempo eu assistí, na televisão, à uma entrevista do cineasta Wim Wenders, filmografia aqui, e algumas das coisas que ele disse valem a pena ser comentadas.

A primeira coisa que eu achei invejável, mas digamos assim, impraticavel para a maioria de nós é que Wenders não tem televisão em casa. Ele disse não acreditar nos telejornais por exemplo. E não dá para discordar dele não.

Wenders disse também ter aprendido com a esposa que quando vai ao cinema, se o filme não prestar ele sai no meio da sessão. Disse que antes não fazia isso, ficava constrangido, mas a esposa o convenceu quando disse: "para que eu quero ter na lembrança algo que me desagrada. Se o filme não presta, não vejo e pronto". Isso é bem bacana e deveriamos adotar isso sempre em todas as áreas do nosso cotidiano.

E o ponto da entrevista que mais me chamou a atenção foi ele ter dito não ficar muito satisfeito quando o público elogia seus filmes dizendo que a fotografia é bonita ou que a musica é boa. Wenders diz que não quer que seus filmes sejam vistos pontualmente, como algo que começa e acaba em si mesmo. Ele diz que para tudo existe um antes e um depois. Ele quer que as músicas e os filmes não acabem nunca.

E é verdade mesmo. Acho que tudo continua dentro da gente. Um filme, uma música, um livro, antes de chegar ao nosso conhecimento já vive no autor. E depois que ele entrega sua obra para o público o filme, a música ou o livro, terá sabe-se lá que infinidade de continuações, pois em cada um de nós vai provocar uma reação de diferente, vai deixar uma marca única e será lembrado de um jeito exclusivo. Aqui está então a eternidade de uma obra. Qando saimos da sessão, encerramos um livro ou deixamos uma audição o que acabamos de presenciar será continuado para sempre na nossa emoção, na nossa imaginação.

E daí tudo se conecta na entrevista: Wenders não tem tv e se levanta no meio da sessão de um filme que não gosta por que não quer ver eternizado dentro de sí coisas que não aprecia.

Está ai uma coisa para ser praticada por todos nós.

Ai embaixo curtam um video do U2 dirigido por Wim Wenders: Faraway, so close.

Fiquem em paz,

Jonas