Supondo, por um minuto, que fosse verdade, o que se depreende é que a conversa que o repórter diz “reservada” não foi tão reservada assim, pois as tais “fontes”, para quem acredita nesse conto, logo após presenciarem a conversa foram imediatamente até ele e lhe contaram tudo.
E não fica só nisso: essas “fontes” teriam contado ao diligente repórter global que Lula fez à sucessora uma proposta, no mínimo, indecorosa: usar uma investigação tão séria para acobertar corruptos do partido de ambos.
É muito grave o que fez o Jornal Nacional na noite da última
quarta-feira. O telejornal exibiu matéria do repórter Ari Peixoto que
relata uma suposta conversa entre o ex-presidente Lula e a presidente
Dilma Rousseff que não resiste a 30 segundos de reflexão. Abaixo, a
locução do repórter.
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O ex-presidente [Lula], que está em Brasília, passou boa
parte do dia reunido com a presidente Dilma. Eles conversaram
reservadamente sobre a CPI. Fontes do Planalto disseram que Lula
acredita que a CPI poderia tirar a atenção sobre o julgamento do
mensalão, previsto para os próximos meses. Já a presidente Dilma teria
sido bem clara: funcionário do governo que aparecer em gravações será
demitido.
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Supondo, por um minuto, que fosse verdade, o que se depreende é que a
conversa que o repórter diz “reservada” não foi tão reservada assim,
pois as tais “fontes”, para quem acredita nesse conto, logo após
presenciarem a conversa foram imediatamente até ele e lhe contaram tudo.
E não fica só nisso: essas “fontes” teriam contado ao diligente
repórter global que Lula fez à sucessora uma proposta, no mínimo,
indecorosa: usar uma investigação tão séria para acobertar corruptos do
partido de ambos.
A suposta resposta da presidente é ainda mais inverossímil. Diante de
uma proposta tão absurda, ela teria se negado a se envolver na
maracutaia e ainda teria dito que bastaria que nome de algum seu
auxiliar aparecesse nas gravações da Operação Monte Carlo para o
flagrado ser sumariamente demitido.
É outro absurdo. Um auxiliar da presidente já teve seu nome citado
nas gravações e não foi demitido. Trata-se do subchefe de Assuntos
Federativos da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência,
Olavo Noleto (PT). Ele não foi demitido porque a menção ao seu nome não o
compromete.
É óbvio que, dependendo de como o nome de algum auxiliar de Dilma
aparecesse naquelas gravações, teria que ser demitido mesmo. Mas não se a
menção fosse inconclusiva. É óbvio que a presidente não demitiria
alguém só por seu nome ter sido citado.
Qualquer pessoa com a mínima capacidade de raciocínio logo se dá
conta de que funcionários do governo, ainda mais do Palácio do Planalto,
jamais difamariam o padrinho político de Dilma para a imprensa. Se
ocorresse, é evidente que ela buscaria descobrir quem foi e, aí sim,
demitiria.
A conduta da Globo de inventar uma história como essa e colocá-la em
seu principal noticiário permite inferir que a emissora está enviando um
recado ao governo e ao PT de que está disposta a tudo caso a relação da
imprensa com Cachoeira seja levantada pela CPI.
Quem perde mais com essa farsa certamente é Dilma, que a mesma
reportagem sugerira, pouco antes, que quereria restringir a
investigação. E que estaria claramente se indispondo com aquele que a
elegeu, o que uma sociedade que nutre tanta admiração por Lula
certamente entenderá como traição, caso acredite na história.
A Globo já cometeu muitas barbaridades, mas poucas iguais a essa da
edição de quarta-feira do seu Jornal Nacional. E o pior é que parece
pouco provável que a presidente da República providencie algum
desmentido. Deve ficar por isso mesmo, o que incentivará novas e piores
manobras.
Ministro da Saúde refuta acusações da Folha de São Paulo
A assessoria de imprensa do ministério da Saúde está divulgando nota e
vídeo que rebatem matéria do jornal Folha de São Paulo que tenta ligar o
titular da Pasta, Alexandre Padilha, ao esquema de Carlinhos Cachoeira.
A primeira matéria do jornal afirma que “O ministro da Saúde,
Alexandre Padilha, teve o nome citado em uma conversa telefônica como
tendo autorizado o grupo do empresário Carlos Cachoeira a dar sequência a
um negócio na área da saúde, após reunião em Brasília”.
Aqui, a íntegra da matéria.
Abaixo, nota do Ministério da Saúde.
Nota à imprensa
A respeito da matéria “Grupo diz ter discutido projeto com
Padilha”, publicada na Folha de São Paulo desta sexta-feira (20), a
assessoria de comunicação social do Ministério da Saúde esclarece que:
1) O ministro Alexandre Padilha não conhece e em
nenhum momento se reuniu com os senhores Wladimir Garcez e Carlinhos
Cachoeira e nem recebeu qualquer pessoa a pedido deles.
2) Segundo a reportagem da Folha de São Paulo, a
gravação teria ocorrido em 29 de março de 2011. Nesta data, bem como no
mês de março daquele ano, o ministro não teve nenhuma reunião ou
audiência cujo assunto possa guardar relação com o teor da conversa
gravada.
3) Os projetos apresentados em audiência ao
ministro da Saúde ou ao seu gabinete são submetidos às respectivas áreas
técnicas para análise e parecer. Nenhum andamento é dado sem o parecer
técnico.
4) A gestão do ministro Alexandre Padilha tem como
prioridade combater desperdícios, melhorar o controle de gastos,
aprimorar a gestão e aumentar a fiscalização de recursos públicos. Isso
tem sido evidenciado em várias ações envidadas desde a sua posse, que
geraram economia de R$ 1,7 bilhão nos gastos com a compra de
medicamentos e insumos em 2011 em comparação a 2010. Recursos que se
reverteram na ampliação do acesso aos usuários do Sistema Público de
Saúde – SUS.
5) É importante ressaltar que a orientação desta
gestão sempre foi, e continuará sendo, a de rechaçar qualquer iniciativa
ou pleito que representem interesses que não os da administração
pública e dos usuários do SUS.
O ministro Padilha também cita coluna da ombudsman da Folha, Suzana
Singer, publicada no jornal no último domingo. No texto, ela condena a
ilação do jornal sobre ele. Abaixo, o trecho que cita o ministro:
“Na sexta-feira passada, a Folha apontava um possível
envolvimento do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e do bicheiro com
base em apenas uma conversa na qual um assessor de Cachoeira diz que o
ministro autorizou o desenvolvimento de um projeto, depois de uma
reunião em Brasília. Novas evidências podem surgir, mas, por enquanto,
projeta-se uma sombra de dúvida sobre o ministro sem que haja nada de
concreto”
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