Os substantivos que servem de titulo para esse
texto representam um grave desvio daquilo que é, ou ao menos deveria ser, parte
das atividades ou praticas humanas fundamentais para a construção de um mundo melhor.
Muita gente do mundo político e empresarial age
como se tivesse se apoderado das qualidades das quais esses substantivos
derivam como se isso fosse objeto a ser possuído apenas por uma determinada
camada social e a transformou em ferramenta de enriquecimento pessoal e
conquista de poder ilegítimo.
De todas as ocorrências com as quais o Brasil se
escandalizou nos últimos anos, nenhuma delas tem servido como instrumento de
revisão das praticas publicas que acabam por desaguar em cachoeiras como a que
estamos assistindo por esses dias.
Toda a sociedade tem perdido excelentes - apesar
de criminosas - oportunidades de fazer uma analise mais profunda na
engrenagem que faz a maquina publica funcionar e dela retirar as peças que não
funcionam direito ou aperfeiçoar seu mecanismo estabelecendo novas
ferramentas.
O moralismo - que é uma espécie de subproduto de
preconceitos diversos; unido ao denuncismo - também um subproduto da covardia;
formam a falta de caráter e o apreço por todo tipo de maracutaia que acabam por
levar a politicagem. Sendo esta ultima mais um subproduto da falta de respeito
pela coisa publica.
Até o mundo mineral já sabe que para todo
corrupto (que sempre é um agente publico) existe um corruptor (que sempre é um
agente privado). Porém os mecanismos de investigação
(PF, CGU, CPIs) quase sempre buscam punir exclusivamente o corrupto e quase
nunca o corruptor.
E a razão é muito simples: geralmente o corrupto
ou o agente publico representa a situação
ou oposição do governo e o corruptor
é na maioria das vezes o financiador das campanhas eleitorais de ambas as
partes.
Reparemos no caso emblemático do escândalo de
corrupção do momento: a tal Delta,
empresa que supostamente andou financiando campanhas eleitorais de norte a sul
do Brasil, já está a venda para uma holding chamada JBS. Isso nunca deveria ser
permitido. Não antes de que as investigações terminem e que, no caso de condenação da Delta, ela seja sentenciada a devolver aos
cofres do país o dinheiro surrupiado via corrupção.
Mas pelo que parece o atual dono da Delta ainda vai ser premiado com uma grana
a mais vendendo a arma do crime e principal prova que poderá afastar da vida
publica um bocado de gente.
Com toda a experiência que adquirimos ao longo de
tantos anos de escândalos envolvendo financiadores de campanhas eleitorais já
não está na hora de mudarmos as regras? E partirmos para financiamento
público de campanhas? E junto com isso revermos todas as regras do jogo político
que envolvem partidos e coligações? Cargos eletivos que se tornam vitalícios (
Pedro Simon - RS é um exemplo típico )? Já não é tempo de tornar pública
a declaração anual de bens de
agentes políticos e servidores públicos em geral? E que tal eliminar o voto
obrigatório? Pois como se sabe essa obrigatoriedade é uma fonte inesgotável de
criação de currais e troca de
favores.
O financiamento privado das campanhas eleitorais
tem levado a que se forme no Brasil uma espécie de plutocracia. O acesso ao
mundo político é reservado apenas para aqueles que ou tem grandes fortunas ou
padrinhos endinheirados.
Resta-nos então torcer para que a universalização e democratização
do ensino, do acesso a cultura e da inclusão social, chegando ao país bem
rapidamente, possam permitir que cada vez mais cidadãos comuns
passem a influir nos destinos do Brasil e que pratiquem a moral, as
denuncias e a política sem suas derivações nefastas.
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