sábado, 5 de maio de 2012

Moralismo, denuncismo e politicagem.






Os substantivos que servem de titulo para esse texto representam um grave desvio daquilo que é, ou ao menos deveria ser, parte das atividades ou praticas humanas fundamentais para a construção de um mundo melhor.

Muita gente do mundo político e empresarial age como se tivesse se apoderado das qualidades das quais esses substantivos derivam como se isso fosse objeto a ser possuído apenas por uma determinada camada social e a transformou em ferramenta de enriquecimento pessoal e conquista de poder ilegítimo.




De todas as ocorrências com as quais o Brasil se escandalizou nos últimos anos, nenhuma delas tem servido como instrumento de revisão das praticas publicas que acabam por desaguar em cachoeiras como a que estamos assistindo por esses dias.

Toda a sociedade tem perdido excelentes - apesar de criminosas - oportunidades de fazer uma analise mais profunda  na engrenagem que faz a maquina publica funcionar e dela retirar as peças que não funcionam direito ou aperfeiçoar seu mecanismo estabelecendo novas ferramentas. 

O moralismo - que é uma espécie de subproduto de preconceitos diversos; unido ao denuncismo - também um subproduto da covardia; formam a falta de caráter e o apreço por todo tipo de maracutaia que acabam por levar a politicagem. Sendo esta ultima mais um subproduto da falta de respeito pela coisa publica.

Até o mundo mineral já sabe que para todo corrupto (que sempre é um agente publico) existe um corruptor (que sempre é um agente privado). Porém os mecanismos de investigação (PF, CGU, CPIs) quase sempre buscam punir exclusivamente o corrupto e quase nunca o corruptor.

E a razão é muito simples: geralmente o corrupto ou o agente publico representa a situação ou oposição do governo e o corruptor é na maioria das vezes o financiador das campanhas eleitorais de ambas as partes.

Reparemos no caso emblemático do escândalo de corrupção do momento: a tal Delta, empresa que supostamente andou financiando campanhas eleitorais de norte a sul do Brasil, já está a venda para uma holding chamada JBS. Isso nunca deveria ser permitido. Não antes de que as investigações terminem e que, no caso de condenação da Delta, ela seja sentenciada a devolver aos cofres do país o dinheiro surrupiado via corrupção. Mas pelo que parece o atual dono da Delta ainda vai ser premiado com uma grana a mais vendendo a arma do crime e principal prova que poderá afastar da vida publica um bocado de gente.

Com toda a experiência que adquirimos ao longo de tantos anos de escândalos envolvendo financiadores de campanhas eleitorais já não está na hora de mudarmos as regras?  E partirmos para financiamento público de campanhas? E junto com isso revermos todas as regras do jogo político que envolvem partidos e coligações? Cargos eletivos que se tornam vitalícios ( Pedro Simon - RS é um exemplo típico )?  Já não é tempo de tornar pública a declaração anual de bens de agentes políticos e servidores públicos em geral? E que tal eliminar o voto obrigatório? Pois como se sabe essa obrigatoriedade é uma fonte inesgotável de criação de currais e troca de favores.

O financiamento privado das campanhas eleitorais tem levado a que se forme no Brasil uma espécie de plutocracia. O acesso ao mundo político é reservado apenas para aqueles que ou tem grandes fortunas ou padrinhos endinheirados.

Resta-nos então torcer para que a universalização e democratização do ensino, do acesso a cultura e da inclusão social, chegando ao país bem rapidamente,  possam permitir  que cada vez mais cidadãos comuns passem a influir nos destinos do Brasil  e que pratiquem a moral, as denuncias e a política sem suas derivações nefastas.

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