Nelson Motta é um cara que lidava apenas com assuntos relativos à música. E
era bom assim. Vez ou outra eu assisti suas entrevistas com pessoas do mundo
das artes musicais o que sempre serviu para acrescentar mais alguma coisa nos
meus parcos conhecimentos sobre o dito assunto.
Mas eis que agora esse moço vira antropólogo político também. E nessa seara
ele parece não ter começado muito bem, pois resolveu dar seus pitacos a
respeito da reação de muita gente sobre uma crônica de Ferreira Gullar (postada
aqui no Saúva ). E no meio desses pitacos Nelson Motta sugere que gente
boa são apenas as pessoas que concordam com tudo que diga o sr Ferreira Gullar
pelo singelo fato de que, segundo o sr Motta, "é o maior poeta vivo do
Brasil". Exceto pelo equivocado e ditatorial mandamento do Vaticano
sobre a infabilidade papal e que diz que tudo que vem do Papa não deve ser
discutido, não conheço outra pessoa no mundo com a qual sejamos chamados a
concordar irrestritamente.
Mas segue o baile. Diz o sr Nelson Motta que a tal crônica foi "
Reproduzida em um “site progressista”, com o habitual patrocínio estatal, a
crônica foi escoiceada pela militância digital."
De duas uma ou o sr Motta não lê o que escreve ou finge desconhecer os
avanços relativos às conquistas de liberdade de expressão com o advento da
internet. Nunca antes na historia da humanidade houve momento em que os indivíduos
tiveram tanta oportunidade de manifestar-se como este tempos que vivemos agora.
Talvez o sr Motta recuse-se a sair daquele mundo midiático em que ele cresceu
(biologicamente eu quero dizer) no qual todos os órgão de comunicação são
pretensiosos formadores de opinião (seja lá o que isso quer dizer) e não dão a mínima
chance para seus leitores ou o distinto publico em geral de contradizer o que
divulgam.
Estou falando do velho e ultrapassado modelinho de enviar cartas para a
redação que são lidas ou publicadas sob um olhar, digamos assim, criterioso
para não dizer censor, ou seja, lêem-se e publicam-se apenas as cartinhas dos amáveis
leitores mansos e cordatos com a linha editorial e que se rasgam em elogios aos
autores das crônicas. Esse tempo passou. E ainda que consideremos que uma
grande massa dos navegantes da web não estejam suficientemente familiarizados
com essa liberdade, ou ainda que receiem manifestar com sinceridade menos acida
seus pontos de vista, temos que reconhecer que a reação ampla e imediata a
respeito de crônicas, artigos, noticias, comentários etc. entrou em um caminho
sem volta. Graças a Deus.
Outro aspecto de quem esta apenas fazendo um exercício no estilo mimimi, ou
coxinha como diria meu filho, é referir-se a um certo patrocínio estatal
para os sítios progressistas estimulando-o dessa formas a fazerem critica
contra tudo que venha da direitona demo-tucana-midiatica. Sr Motta é um ingênuo
e eu só vou dizer as obviedades que digo a seguir porque eu, nessa minha
condição de blogueiro impertinente porém espontâneo e gratuito, senti-me
ofendido por esse comentário infantil do neo-direitista-midiatico.
A primeira obviedade é que sei de um monte de blogs ditos progressistas, mas
que eu prefiro sujos, que são escritos amadoristicamente - não por seu conteúdo,
mas pela atividade em si mesma - boa parte deles contando com numero expressivo
de leitores e que não recebem um só caramiguazinho de ninguém.
Auto-remuneram-se com a satisfação pessoal de fazerem-se presentes e
mostrarem-se ativos na discussão política do país.
A segunda obviedade é que não existe órgão de imprensa - lida, escutada ou
enxergada - nesse país que não receba verbas chamadas oficiais, via publicidade
governamental. A Rede Globo é campeã na arrecadação desse tipo de verba e se
ela fosse o que o sr Nelson Motta sugere que sejam os blogs sujos - corrompidos
pela grana oficial - o JN não seria a usina de manipulação demo-tucana que é.
Muito menos a Rede Globo teria condição de pagar o salário mixuruca que
deve receber o sr Motta, razão pela qual ele devia meter-se em algum tipo de
reflexão sobre de onde vem a verba do gelo de seu uísque.
Resta olhar para o linguajar rastaquera e ofensivo com que ele se refere aos
internautas comentaristas qualificando seus comentários como coices e
relinchos.
Bem, embora eu tenha muito respeito por todos os seres do mundo animal,
quando se refere ao grupo dos quadrúpedes que cavalgam e carregam cargas eu
fico com os que relincham não apenas por seu porte altivo mas por
sua agilidade, inteligência e força. Já os que zurram, geralmente são mais medíocres
e menos dados ao aprendizado.
De resto o sr Nelson Motta, devido ao conteúdo de seu artigo em defesa do caro
colega demo-tucano, me lembrou os garotos da minha infância, aqueles mais
surtados que, diante de qualquer divergência entre amigos tratavam tudo como se
fosse uma briga de paus e pedras entre a turma da rua de cima e a turma da rua
debaixo.
O artigo do sr Nelson Motta está aqui.
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