sexta-feira, 1 de junho de 2012

Nota do Jota #02

Itaquerão ou Arena do Corinthians? A imprensa esportiva paulistana está apoiando declaração do presidente corintiano, sr Mario Gobbi,  de que o novo estádio do Corinthians não deve ser chamado de Itaquerão e sim de Arena do Corinthians, sob a alegação de que o nome daquele local vai ser explorado comercialmente, haverá um contrato para isso. Difícil saber o que uma coisa tem a ver com outra, pois digamos que o São Paulo F.C. queira fazer a mesma coisa. Como se sabe o estádio do tricolor paulista chama-se oficialmente Cícero Pompeu de Toledo, mas é muito mais conhecido simplesmente como estádio do Morumbi. Será que haveria algum impedimento para essa transação comercial? Desconfio que a empresa que se propor a explorar uma marca deve ter competencia suficiente para superar difilcudades com essa e emplacar o nome que desejar.

Note-se ainda que os estádios da cidade de São Paulo são bem mais conhecidos pelo bairro onde estão situados que pelos nomes oficiais: Morumbi, Canindé, Pacaembu, Parque Antártica, Parque São Jorge. E agora os corintianos já consagraram e popularizaram o seu novo estádio como o Itaquerão, uma vez que está localizado no bairro de  Itaquera.

Itaquera, para quem não sabe, é um bairro da periferia de São Paulo e que, como todo bairro de periferia, é majoritariamente pobre, carente de muita coisa e um tanto distante da zona central da cidade. Transito complicado, transporte publico super-lotado, e serviços em geral meia boca.

Como vivemos em uma sociedade de castas não estará havendo aqui algum tipo de preconceito?  Deixa pra lá né?

A quem interessa pressionar o STF? Por estes dias estamos sendo afogados por uma enxurrada de declarações partindo, em sua maioria esmagadora - talvez seja em sua totalidade- do braço midiático da direitona paulista ( Veja, O Globo, Folha e Estadão) de que os acusados do mensalão, seus simpatizantes e partidários estão pressionando o STF para adiar o julgamento do dito mensalão. Isso já está assim tem uns dois meses e se acirrou nos últimos dias por conta das declarações espalhafatosas e contraditórias de Gilmar Mendes acusando Lula de tê-lo chantageado para adiar o julgamento do "maior crime da história do Brasil" , nome dado ao mensalão pelo mesmo braço midiático.

Isso carece de lógica. Vamos fatiar o assunto pra ver no que dá.

1) Para que os envolvidos no tal crime vão provocar os juízes? Uma provocação dessas resultaria em um julgamento sumário e condenação de todo mundo no melhor estilo "você-sabe-com-quem-está-falando?".

2) Consideremos o contrário: que os tais juízes cedam às pressões e inocentem um monte de gente, deixando a sociedade brasileira com a sensação que o STF é uma pizzaria no pior sentido. Quem quer isso? A direita? A imprensa? Sim. Pois a cartada seguinte seria uma "campanha de moralização das instituições nacionais" ou então um golpe mesmo, para falar o portugues mais claro.

3) Se pressionarem o STF os envolvidos no julgamento acabam por entregar o jogo para a oposição que, se a pressão puder ser comprovada, terá um enorme trunfo nas mãos durante as campanhas eleitorais municipais deste ano, trunfo este muito mais valioso até que as próprias condenações, caso ocorram, uma vez que essas possíveis condenações não atingem candidatos a nada.

4) Nada vai mudar no Brasil por conta desse julgamento. Não é possível que Lula tenha um projeto político tão pequeno, restrito apenas à um julgamento por conta de crimes nos quais 80% dos brasileiros não o inclue. Lula com toda certeza tem projetos bem maiores e mais ambiciosos, do que ficar bancando a candinha do momento.

E fico por aqui, pois se continuar eu vou acabar dizendo que a oposição é quem está pressionando o STF.

Lulofobia e lulomania Seguindo a mesma trilha de Gilmar Mendes, um assessor do governador Perillo disse sem meias palavras: "Lula vai se arrepender amargamente de ter colocado Marconi Perillo no olho do furacão". Este assessor atribui ao Lula poder de pautar e resolver assuntos internos da CPMI.

Vivemos tempos de contradições políticas nunca dantes observadas na história desse país. Se repararmos bem, jamais houve na nossa política uma figura tão execrada, xingada, amaldiçoada, odiada e ao mesmo tempo tão poderosa - segundo a oposição - como Lula.

Sofrendo de um  misto de fobia com mania, a oposição não consegue propor uma agenda de debates positivos para a nação, não consegue discutir qualquer coisa que não passe pelo blá-blá-blá de uma corrupção "jamais vista", do projeto do PT para dominar o mundo e da onipresença do Lula.

Ou seja, sem se dar conta a oposição contribui para que aconteça aquilo que devemos verdadeiramente temer: a existência de um projeto único para o país, a ausência de contraditórios, a inexistência de alternativas para qualquer proposta. Isso é péssimo.

A saia justa diplomática. Esperemos ser essa a última vez que falamos no Gilmar Mendes. Precisamos daqui para frente deixá-lo onde ele merece estar: na Caverna do Ostracismo, fundos. Pois muito bem. Devido suas declarações ainda carentes de confirmação sobre Lula tê-lo pressionado o meritíssimo disse, no meio de tudo, que “aqui não é Venezuela onde o Chávez manda prender juízes”. Isso custou uma nota do embaixador da Venezuela no Brasil, que nos envergonha a todos:

“Nota oficial da Embaixada da República Bolivariana da Venezuela no Brasil

As declarações do ministro do STF Gilmar Mendes ao jornal O Globo, se de fato ocorreram, constituem uma afronta à população venezuelana, e demonstram profunda ignorância sobre a realidade de nosso país.

Nossa Constituição, elaborada pela Assembléia Constituinte e referendada pelas urnas, determina a separação de poderes, estabelece direitos de cidadania e configura os instrumentos judiciais cabíveis, ou seja, o presidente da Venezuela não manda prender cidadão algum, independentemente do cargo que ocupe.

Recorrer à desinformação para envolver a Venezuela em debates que dizem respeito apenas aos brasileiros é uma atitude indecorosa – ainda mais partindo de um ministro da mais alta corte da nação irmã – e não reflete a parceria histórica entre Brasil e Venezuela.”

A gente podia dormir sem essa.


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