Deu no Portal R7: "Cidade no Japão 'parece set de filme catástrofe', conta repórter brasileiro" Me desculpe senhor repórter brasileiro mas aquilo não parece, aquilo É uma catástrofe.
----------------------------------------
Estive lendo lá no Balaio do Kotscho um artigo a respeito do salvamento de um senhor de 60 anos de idade e que foi encontrado, vivo evidentemente, boiando em alto mar, agarrado aos destroços de sua cidade arrastada pelo tsunami que varreu uma parte do litoral japonês.
E por conta disso, e diante das manifestações de fé religiosa ou de ateísmo e as atribuições ao divino ou ao destino por tudo que está ocorrendo, nosso caro Kotscho propõe que seus leitores comentem e exponham suas conclusões sobre as razões de uns terem sido salvos e outros não daquela tragédia que vem acontecendo no Japão desde sexta feira passada.
Acredito que nada nessa vida possa ser destacado pontualmente de dentro da Historia. Quero dizer que vivemos um emaranhado de ações e reações, estamos enredados em uma complexa teia que mistura atitudes nossas e a harmonia da criação. Vejamos, por exemplo, os próprios casos do terremoto e maremoto havido lá no Japão e, embora possam ser ditos com exatidão o dia e a hora em que aconteceram, devemos lembrar que esses eventos não "nasceram" naquele dia e naquela hora. Devido a formação geológica de nosso planeta esses eventos começaram a "nascer", quem sabe, há bilhões de anos atrás.
E assim é com tudo que existe no reino animal, vegetal e mineral. Eu acho que nada está sendo feito agora. Tudo vem sendo construído e modificado ao longo de um tempo impossível de ser estabelecido. Embora na minha certidão de nascimento conste dia e hora em que eu nasci, na verdade foi por causa da existência do meus pais que eu nasci. E estes nasceram por causa dos pais deles, e antes destes houve a existência dos pais dos pais dos pais... e isso não tem fim. Ou melhor, talvez haja sim um fim e que será no dia em que descobrirem o primeiro homem e a primeira mulher, se é que existiram, e nesse dia vamos saber o real significado de dizer “somos todos irmãos". E, se for assim mesmo, o que vai acontecer comigo daqui um pouco já está determinado, embora não se possa precisar.
Ao dizer essas coisas assim eu posso passar a impressão de que não tenho fé no divino, no místico. Não é bem assim. Uma coisa é uma coisa outra coisa é outra coisa. Haverá sempre um momento em nossas vidas que, mesmo que se possa racionalizar quase tudo, estaremos diante do que nos impressiona justamente pela impossibilidade de ser explicado. Sempre chegará o dia da famosa pergunta que-é-que-eu-estou-fazendo-aqui? ou então será-que-eu-mereço-isso-que-está-acontecendo?
Creio de verdade em alguma inteligência divina que, a depender da denominação religiosa, tem vários nomes. Sempre dou graças pela vida, embora tenha momentos em que a vida nos pareça inimiga. E sendo assim pode ser que exista mesmo um Grande Plano para todos nós mas que é supervisionado e alterado todos os dias a depender do humor e da boa vontade do divino.
Essa espécie de roleta da vida que é jogada nas tragédias como essa do Japão nos chama sempre atenção pela quantidade enorme de vidas interrompidas de uma vez só e pelas outras poucas que são salvas aparentemente pelo acaso. Mas a verdade é que todo os dias muitas vidas se acabam por ai de uma porção de jeitos e tantas outras permanecem intactas nessa aventura que é viver. E nós nem percebemos.
Por mim sempre reservo um espaço para o místico e para a religiosidade que é inerente a todos nós, creio eu.
Gosto de rezar o Santo Anjo todas as vezes que saímos de casa. Gosto ainda mais quanto nós o rezamos junto com a Gigi.
Gosto de pensar que tenho uma alma e que ela se desprende de meu corpo toda vez que durmo e sai por ai se divertindo conhecendo lugares e outras almas, e já estou ficando quase certo que é essa minha alma viajante que dá mais sabor a minha vida. Eu já falei sobre isso aqui.
Gosto de ouvir alguém me dizer: vai com Deus! E, claro, sempre respondo: fique com Deus!
E às vezes quero mesmo acreditar que quando eu morrer vou encontrar em algum canto com todos aqueles que amei e que já se foram, e então ficaremos juntos esperando aqueles que estarão ainda por chegar. Vai ser uma festa.
Fiquem em paz
Jonas
.
gostei Jonas...parabéns...gostei desta maneira coloquial como voce colocou este seu texto, especialmente quando voce se lembra da Gigi.
ResponderExcluir...venho lá do Balaio, e voltarei outras vezes, falou?
...reli, e vi muita poesia nele, em seu texto.
ResponderExcluir...legal nêgo réi...
Muito obrigado Everaldo, serás sempre bem vindo...
ResponderExcluirPor que fiquei com um nó na garganta? Vi todo o texto passar em minha mente como um filme, no final uma grande interrogação em meio à folhas secas levadas pelo vento.
ResponderExcluirBom ler isso meu caro ( ou será minha cara?) anonimo, obrigado pela presença.
ResponderExcluir