Foi aprovada na Assembleia Legislativa de São Paulo lei que obriga a CPTM e o Metrô a reservarem um vagão - repito: um vagão - por composição apenas para passageiras como forma, segundo a pretensão do autor da lei, de poupar as mulheres de serem importunadas por passageiros aproveitadores da lotação do transporte e nelas se encostarem. A lei vai agora para ser sancionada pelo governador.
O mecanismo simplista proposto nessa lei ao reservar um vagão para mulheres, tem muito mais cara de segregação e parece nos levar de volta ao tempo em que os negros eram proibidos de usar espaços onde ficavam os brancos. Neste caso homens e mulheres não podem viajar juntos. Ponto.
Acima do absurdo do raciocínio usado para solucionar o que é muito mais de educação do que de convivência está ainda a entendimento estapafúrdio de que basta apenas um vagão para transportar todas as mulheres que hoje ocupam toda a composição. Não precisa ser um profundo conhecedor da nossa sociedade para saber que a proporção entre homens e mulheres é mais ou menos equivalente.
Isso leva a crer que uma parte grande das mulheres serão levadas a embarcar nos vagões, digamos assim, mistos para não perderem a hora de seus compromissos. Será por certo um prato cheio para os tarados de plantão que imediatamente pensarão: bem se ela esta aqui é por que quer, ou não se importa, de ser encoxada. Ou seja esta se expondo a vitima ao seu algoz.
Acrescente-se ainda a esperteza sempre presente em uns e outros que darão um jeito qualquer de embarcar nos vagões rosa. Não é difícil concluir isto basta observar que nas horas de rush o Metrô reserva as duas primeiras portas da composição para embarque daqueles com direito a atendimento preferencial: idosos, gestantes, adultos com crianças de colo, e outros. Não foram as poucas vezes que vi passageiros não incluídos nestas condições passarem pelo bloqueio na maior cara de pau e embarcarem nos espaços a que não tem direito.
Separar as pessoas não é um jeito de torna-las mais sociáveis, pelo contrário criam-se condições para agressividades em geral, passam a impressão de privilegiar uns em detrimentos de outros além de, é claro, inibir convivência civilizada e impedir o amadurecimento das relações humanas
Bem mais eficaz poderia ser uma campanha "feroz" de punição severa aos aproveitadores. Leis para isso já temos de sobra. Pode-se pensar também que nas estações e nos trens as ocorrências fossem sempre atendidas por agentes femininas a fim de evitar constrangimentos naquelas mulheres vitimas dessas violências.
Por fim há que se pensar em uma campanha educativa e massiva - do tipo que foi feita com a prevenção da Aids - escancarando para toda a sociedade que elementos que agem desse modo são desequilibrados e, sendo assim, são estes que merecem ter um vagão só pra eles.
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