quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O estranho sumiço de documentos do Metrô-SP


Noticia da Agencia Estado de sábado passado ( leia aqui ) informa que 15.399 (!) caixas de documentos do Metrô estavam desaparecidas desde 09 de julho quando, ao que parece, a empresa deu falta dos mesmos.

E a reportagem diz também que a informação só foi dada pelo Metrô na sexta feira quando publicou edital no Diário Oficial Empresarial. Diz ainda a Agencia que o Metrô fez um boletim de ocorrência (nr 1435) sobre o caso no dia seguinte ao sumiço porém a Secretaria de Segurança Publica não confirma a informação.

Outro detalhe constante da noticia é que mais informações não podiam ser dadas pelo Metrô pois os responsáveis pela área não estavam trabalhando.

A pergunta é: como é possível sumirem 15.399 caixas de documentos de uma empresa do porte do Metrô? E como ficamos sabendo disso só agora passados 05 meses da ocorrência?

A resposta veio no dia 04, terça feira, as tais caixas "perdidas" haviam na verdade sido queimadas em um incêndio criminoso ocorrido no dia 09 de junho no deposito de uma empresa especializada na guarda de documentos localizado em Itú - SP. ( leia aqui )

Encafifante. Há que se matutar um tantinho sobre isso.

Relendo a primeira noticia tudo nos leva a crer que o Metrô não sabia MESMO do paradeiro das ditas caixas. 

Já na segunda noticia surge a cândida e tranqüilizadora informação de que o Metrô sabia SIM do paradeiro das 15.399 caixas.

Algumas coisas ficam no ar. Uma delas é que talvez Agencia Estado deu uma noticia que não devia dar e sem querer que parecesse correção, corrigiu. Até aí nada de novo. É a imprensa paulistana dando sua tradicional cobertura ao governo tucano.

Outra coisa que intriga é a pouca importância dada aos documentos. As noticias dão conta que uma parte desses documentos estava micro filmada. Mas que parte? Vinte por cento? Cinqüenta? Quanto? 

Acrescente-se que pela lógica o que estava micro filmado e que não fosse documento fiscal ou trabalhista podia ser queimado pelo próprio Metrô e não por bandidos. Sabidamente paga-se por espaços para guarda de qualquer coisa, e se esses documentos não tinham lá tanto valor é dinheiro jogado fora. Mas desperdicio de dinheiro publico-tucano também não é novidade.

Para aumentar o encafifamento lê-se nesta outra noticia aqui divulgada na época do incêndio, que já era sabido que entre os clientes da empresa dona do deposito incendiado estava o Metrô. A empresa dona do deposito não parece ser mixuruca pois, pesquisando seu nome “P A Arquivos Ltda” , vê-se que a mesma trabalha com diversos órgãos públicos em todo o país. Vai daí que é possível concluir que é uma empresa organizada e que notificou o Metrô sobre o fato lá em Itú. E por que o Metrô alega inicialmente que não sabia do paradeiro dos arquivos?

Não dá pra deixar de pensar na conveniência para o Metrô do sumiço destes documentos, pois, como diz a noticia, uma parte dos documentos queimados trata das investigações sobre acidentes nos trens e, lembremos meus caros leitores, raramente ou quase nunca se fica sabendo, via imprensa, de acidentes no metrô. 

Esta semana minha filha comentou noticia dada a ela por uma passageira do metrô que na semana passada houve o suicídio de uma moça na linha do trem. Mas, como eu já disse, na mídia tucana não se lê nada.

Tá bom, tá bom. Sou eu que estou aqui procurando pêlo em ovo e talvez tudo não passe de uma dessas confusões internas em que comunicações em geral não são devidamente comunicadas, e então tudo pode não ter passado de uma ocorrência comum envolvendo erros administrativos.

Mas se for  para deixar por menos, eu ainda digo: se o Metrô – mesmo que momentaneamente – não sabe dar conta com segurança do paradeiro de 15.399 caixas que, como todo mundo sabe, ficam sempre paradas no mesmo lugar, que dirá dar conta, também com segurança, dos trens e dos milhões de passageiros que se movimentam constantemente! 

Talvez esteja justamente aí a conveniência dos tais documentos terem sido queimados por bandidos. 

Alckmin e o Metrô agradecem.




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