O jornalão da família Mesquita
publica hoje, 27/10, um editorial em que, coerente com sua preferência pelo
tucanato, recomenda que não se vote em Haddad. Até aí tudo bem.
O surpreendente são os argumentos
para que não se vote em Haddad. Algo totalmente descolado da realidade, sendo
fantasioso de tal forma que é difícil crer que tenha sido escrito sob a supervisão
de pessoas que, com esta atitude, pretendem interferir no comando de uma cidade
da importância de São Paulo.
Se seguirmos a lógica do tal
editorial se poderá perceber que uma agremiação política ou uma empresa ou uma
entidade qualquer de qualquer coisa, existe por si só e não existe através das
pessoas que se reúnem sob seu nome. O escriba lá do Estadão carimbou o PT como
uma agremiação desonesta, quadrilheira, e, segundo ele, não poderá haver um
governo – no caso o do Haddad – exercido por um petista sem que esse governo
não possa ser contaminado pela desonestidade. Trata-se, portanto de um caso único no mundo
em que uma sigla comanda as pessoas e não ao contrário.
Insistindo-se na vida própria e autônoma
da sigla PT, o que fica entendido é que o partido poderia, por exemplo, ser
fechado e seus integrantes se espalharem por todas as outras agremiações e
então não haveria problemas. Melhor
dizendo Haddad poderia ser de qualquer outro partido que poderia ser eleito sob
a aprovação do Estadão. Um disparate.
Ao confundir pessoas com siglas o
jornalão faz aquilo que o STF fez nestes últimos dias, não condenou um grupo de
pessoas, mas sim um partido inteiro pouco importando o histórico de vida, o caráter,
a honra e a dignidade de mais de um milhão de pessoas que atuam politicamente
ou militam sob a bandeira do Partido dos Trabalhadores.
O Estadão quer fazer os seus
leitores crerem na mesma lógica do Serra quando em entrevista para a CBN disse
que combateria a violência nas escolas baseado em um estranhíssimo procedimento
que visa descobrir adolescentes com potencial criminoso ou com propensão ao
crime. Ou seja, não importa o histórico de vida de Haddad e de outros milhões
de simpatizantes do PT, todos são potencialmente criminosos e ponto.
O Estadão de fato merece o Serra.
E vice versa.
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